sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Estresse e ganho de peso corporal

Publicado no periódico Biological Psychiatry, estudo mostrou que alimentos gordurosos podem contribuir com o maior ganho de peso corporal se a ingestão ocorrer após eventos estressantes, comparando com o consumo destes mesmos alimentos após um período de tranquilidade.

Foram avaliadas 58 mulheres, não apresentando obesidade, em estudo com delineamento crossover, ou seja, a mesma mulher foi submetida a diferentes testes e os resultados destes testes foram comparados entre si. Este tipo de estudo é utilizado para comparar dois ou mais tratamentos porque o voluntário avaliado é o seu melhor controle.

As voluntárias compareceram ao centro de avaliações em dois diferentes dias e receberam refeições contendo 60% de gordura, 25% de carboidratos e 15% de proteína. Num dos dias, a refeição foi rica em gordura saturada (16,84g de ácido palmítico e 13,5 g de ácido oleico), enquanto que no outro dia a refeição oferecida era rica em gordura monoinsaturada (8,64g de ácido palmítico e 31,21g de ácido oleico).

Um questionário identificou o número de estressores nas últimas 24 horas, sendo as voluntárias classificadas em grupos. Das 58 mulheres, 31 relataram ter passado por eventos estressores num dos dias de avaliação, 21 mulheres apresentaram estresses em ambos os dias e não foram identificados estresses em seis voluntárias.

Amostras de sangue e a oxidação de gorduras e carboidratos foram analisadas antes e após a ingestão da refeição.

Resultados: 
Foram observadas menor oxidação de gorduras e maior secreção de insulina nas voluntárias com maior número de estressores nas últimas 24 horas. A menor oxidação de gordura contribui com o ganho de peso corporal, além da insulina potencializar o acúmulo de gordura no tecido adiposo.

As voluntárias com depressão apresentaram maiores concentrações de cortisol e maior oxidação de gorduras antes de consumirem as refeições, demonstrando também aumento dos triglicerídeos após as refeições teste. O cortisol ativa uma enzima (lipase lipoproteica) que estimula o armazenamento de triglicerídeos no tecido visceral.

A única diferença entre as refeições foi a maior elevação glicêmica após a refeição rica em gordura monoinsaturada, em comparação com a dieta de gordura saturada.

Os autores concluíram com os resultados de que o estresse e a depressão podem alterar o metabolismo após refeições ricas em gordura, contribuindo com o ganho de peso.

Fonte: 
Kiecolt-Glaser JK, et al. Daily stressors, past depression, and metabolic responses to high-fat meals: a novel path to obesity. Biol Psychiatry 2014. In Press. DOI: 10.1016/j.biopsych.2014.05.018